Filhos convictos?
Tive a oportunidade de conversar com alguns amigos que enfrentaram, na infância e adolescência, a dor da incerteza sobre sua paternidade. É uma experiência marcada por sofrimento e conflitos internos profundos. A ausência dessa certeza fere a identidade e desestrutura o coração.
Quando não sabemos de onde viemos, é difícil enxergar com clareza para onde devemos ir. Mas quando encontramos em Deus o Pai verdadeiro, tudo começa a se alinhar — Sua paternidade cura, afirma e nos conduz ao nosso destino.
A tentação
v1 Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.
“Deus não é a fonte da tentação, mas permite que sejamos tentados porque vê valor nisso. Ele sabe que, apesar dos riscos, as oportunidades de crescimento, maturidade e fé compensam.”
v2 E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;
“Deus deseja que estejamos espiritualmente preparados. Compreender o valor de uma fé edificada por práticas como o jejum, a oração e a meditação na Palavra fazem toda a diferença.”
v3 E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
Deus quer forjar em nós uma identidade firme e convicta como filhos. E nada incomoda mais Satanás do que alguém que sabe quem é em Deus. Isso o enfurece.
Não por acaso, antes da tentação no deserto, o Pai declarou sobre Jesus: ‘Este é o meu Filho amado’. Foi essa afirmação que provocou a investida do inimigo. É o que Deus Pai diz a nosso respeito que nos define, e ponto final.
Mateus 3:16 E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. 17 E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
Onde o diabo mira
Logo após a declaração do Pai, Satanás aparece com um único objetivo: roubar a semente. Sua tentação foi direta, atacar a identidade de Jesus como Filho. Ele sabe que, ao abalar nossa identidade de filhos, destrói tanto nosso relacionamento com o Pai quanto a unção que nos capacita a servir.
Responder corretamente à tentação nos consolida. Além de filhos amados, passamos a ser filhos convictos. E o filho convicto carrega o DNA do Pai — uma consciência de justiça e senso de propósito.
Jesus foi aprovado como Filho, para que, seguindo Seu exemplo, também sejamos aprovados. As duas primeiras tentações de Satanás tinham um único foco: romper a convicção de que Jesus era Filho. Porque o inimigo sabe — quando alguém sabe quem é em Deus, ele se torna imparável.
O que precisamos aprender para solidificar a nossa filiação?
1João 3:1 VEDE quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus…
1. O compromisso com o que Deus diz vem sempre em primeiro lugar. Antes do pão, a Palavra. Antes da necessidade, a obediência.
v4 Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Jesus estava há 40 dias sem comer. Você tem ideia do que isso significa? Poucos compreendem a profundidade disso. A “fome” nesse ponto não era apenas vontade de comer — era o corpo entrando em colapso, começando a consumir suas próprias células vivas após queimar gorduras e toxinas. Mas mesmo nesse estado extremo, Jesus estava convicto: a Palavra de Deus era suficiente para sustentá-lo. Aleluia!
2. O nosso relacionamento com Deus não nos autoriza a agirmos com insensatez ou a corrermos riscos fundamentados no nosso orgulho.
v5 Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, 6 E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces em alguma pedra.7 Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.
Não coloque o Senhor à prova. Não assuma um lugar que pertence só a Ele. Viva sob autoridade e alicerçado em princípios — é aí que está a verdadeira segurança.
3. Quando nos rendemos verdadeiramente a Deus e escolhemos servi-Lo, anulamos qualquer vantagem ou conveniência que o diabo possa tentar nos oferecer.
v8 novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. 9 E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. 10 Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
O diabo nunca faz favores — tudo o que ele oferece vem com um preço alto demais. Jamais cumpriremos os propósitos de Deus aceitando as “boas propostas” do inimigo.
Nesse episódio, entendemos que autoridade está diretamente ligada à adoração. Não existe autoridade verdadeira sem submissão. Satanás apresentou sua proposta de autoridade, mas escondeu a exigência de submissão.
Adorar a Deus é se render totalmente — é entregar-se de forma plena para que a vontade d’Ele se cumpra em nós. A submissão é o fundamento essencial para qualquer conquista no Reino. E é justamente isso que o inimigo quer roubar.
Mas quando vivemos como filhos convictos, nossa adoração se torna verdadeira, e nossas conquistas, sobrenaturais. E nesse lugar, o diabo não tem escolha: ele é obrigado a bater em retirada.
v11 então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam.
Moral deste capítulo: O nosso ministério só começa depois que vencemos as nossas tentações e ao tentador.
JESUS é o nosso modelo
Esse é o modelo bíblico que destravou o ministério de Jesus. E, com certeza, aqui estão segredos poderosos e atuais para a Igreja em todo o mundo — especialmente neste tempo em que milhares estão sendo chamados ao ministério.
Há também aqueles que já estão há anos servindo, mas ainda não venceram as tentações fundamentais. Porque quem não governa seus apetites, jamais governará sobre principados. Dominar a si mesmo é pré-requisito para governar em vida.
Foi somente depois de vencer o tentador que Jesus iniciou seu ministério público. A autoridade só vem depois da aprovação. E não há aprovação sem renúncia.
Ministério público
12 Jesus, porém, ouvindo que João estava preso, voltou para a Galiléia; 13 E, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zebulom e Naftali;14 Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz: 15 A terra de Zebulom, e a terra de Naftali, Junto ao caminho do mar, além do Jordão, A Galiléia das nações; 16 O povo, que estava assentado em trevas, Viu uma grande luz; E, aos que estavam assentados na região e sombra da morte, A luz raiou. 17 Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
Ninguém pode pregar com autoridade sem antes vencer o diabo dentro da própria história. É depois da batalha que os olhos se abrem, e passamos a enxergar as pessoas com uma nova consciência espiritual. Enxergamos os perdidos.
Foi assim com Jesus. Ele começou Seu ministério em um lugar de trevas profundas: a Galileia dos gentios — terra misturada, marcada pela miséria e por deuses estrangeiros. A “favela” de Israel. Mas foi ali que a luz brilhou.
Depois de vencermos a tentação, recebemos autoridade para pregar. E quando passamos a enxergar os perdidos pelo Espírito, Deus nos conduz a um novo nível: começamos a enxergar os discípulos. Discernimos quem está pronto para ser formado, treinado, enviado.
Atraindo discípulos
V18 E Jesus, andando junto ao mar da Galiléia, viu a dois irmãos, Simão, chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores; 19 E disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. 20 Então eles, deixando logo as redes, seguiram-no. 21 E, adiantando-se dali, viu outros dois irmãos, Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, num barco com seu pai, Zebedeu, consertando as redes; 22 E chamou-os; eles, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram-no.
Quando não valorizamos a pregação e o discipulado, é sinal de que algo ainda não foi bem estabelecido em nosso fundamento — especialmente na nossa identidade como filhos.
Um filho convicto tem paternidade espiritual. E no tempo certo, Deus fará com que ele atraia não apenas os perdidos, mas discípulos fiéis e comprometidos. Quando estamos verdadeiramente alinhados com a missão, Deus Se compromete conosco. E Ele confirma nosso ministério com sinais, maravilhas e milagres que só o Espírito pode realizar.
Veremos o sobrenatural se manifestar através da Palavra, do ensino, da pregação e do toque curador de Deus.
Esfera de ação
23 E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. 24 E a sua fama correu por toda a Síria, e traziam-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias enfermidades e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos, e ele os curava. 25 E seguia-o uma grande multidão da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e de além do Jordão.
Ser filhos amados é um privilégio. Mas tornar filhos convictos é nossa responsabilidade. E essa convicção nos capacita a impactar cada pessoa que Deus confiou ao nosso alcance.