Marcos 14:22 – 24, E, enquanto comiam, tomou Jesus um pão e, abençoando-o, o partiu e lhes deu, dizendo: Tomai, isto é o meu corpo. 23 A seguir, tomou Jesus um cálice e, tendo dado graças, o deu aos seus discípulos; e todos beberam dele. 24 Então, lhes disse: Isto é o meu sangue, o sangue da [nova] aliança, derramado em favor de muitos.
Esta foi a última ceia que Jesus compartilhou com seus discípulos. Naquele momento, Ele estava anunciando a oferta perfeita — Seu sangue seria derramado para selar a Nova Aliança. O texto diz que isso foi feito em favor de muitos, e não de todos, pois infelizmente nem todos aceitariam pela fé. Mas quanto aos discípulos, … e todos beberam dele.
O sacrifício perfeito
Jesus foi o sacrifício perfeito, representado por vários tipos de ofertas do Antigo Testamento. Entre elas, a oferta pacífica — ou oferta de comunhão — se destaca.
Enquanto a maioria das ofertas era completamente queimada e entregue a Deus, como os holocaustos, a oferta pacífica tinha uma particularidade: parte dela era compartilhada pelo ofertante e sua família.
Era como se o próprio Deus os convidasse a sentar-se à Sua mesa, em um gesto de comunhão profunda e verdadeira.
Na última ceia, o pão representava o corpo de Jesus, entregue como nosso sacrifício pacífico. O vinho simbolizava o sangue, ou seja, a vida de Cristo. Após essa oferta, nenhum outro sacrifício seria necessário para termos paz com Deus — pois ali estava o sacrifício perfeito, que encerrava todos os anteriores.
A ceia era uma linguagem simbólica que os discípulos levariam consigo: a obra perfeita e consumada de Jesus, agora dentro deles. Em outras palavras, todos que colocarem sua fé em Cristo serão reconciliados em Seu corpo, vivendo em paz — com Deus e uns com os outros.
Precisamos enxergar a Igreja como uma só pessoa!
Fomos reconciliados
2 Coríntios 5:18, Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, 19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.
Se você comeu deste pão e bebeu deste cálice, Deus agora é o seu Pai.
Mas repare: Jesus ensinou seus discípulos a chamarem Deus de Pai nosso, e não apenas meu Pai.
Isso revela que não há como nos relacionarmos verdadeiramente com Deus sem uma consciência de corpo — não existe espaço para um evangelho individualista, centrado apenas em si mesmo.
Tudo o que você pede a Deus para si, precisa vir acompanhado da disposição de pedir o mesmo por qualquer irmão que, como você, também participou do cálice da Nova Aliança.
E tudo o que você ora ou deseja para alguém deste corpo, passa primeiro por você — como canal vivo dessa comunhão. Portanto muito cuidado com o veneno da maledicência!
Consciência de corpo
Ao lermos com atenção 1 Coríntios 11:17–33, percebemos que a imaturidade dos cristãos em Corinto estava enraizada em uma vida centrada em si mesmos — viviam sem discernir o corpo de Cristo.
E não há nada mais prejudicial à Igreja do que viver a fé de forma egoísta, ignorando o próximo, como se o Corpo fosse feito de partes isoladas.
A vida cristã nunca foi para ser vivida uns em detrimento dos outros, mas em comunhão uns com os outros.
Dois fundamentos sobre a ceia
Os discípulos de Emaús
Lucas 24:16 Os seus olhos, porém, estavam como que impedidos de o reconhecer… 30 E aconteceu que, quando estavam à mesa, tomando ele o pão, abençoou-o e, tendo-o partido, lhes deu; 31 então, se lhes abriram os olhos, e o reconheceram; mas ele desapareceu da presença deles.
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A Ceia NÃO é sobre COMER, mas sobre ABRIR OS OLHOS.
É evidente que os discípulos a caminho de Emaús ainda não haviam compreendido o evangelho. Não haviam assimilado o significado da cruz, da morte, do sepultamento e da ressurreição de Jesus.
E qual é, então, o propósito da mesa? A mesa é o lugar de comunhão onde o véu da incompreensão é removido. É ali que o Espírito esclarece aquilo que ainda não entendemos sobre a cruz.
Jesus veio para abrir os olhos
Lucas 4:18 O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, 19 e apregoar o ano aceitável do Senhor.
Jesus é o livro aberto! A liberdade já foi declarada, mas os olhos precisam serem abertos!
O Evangelho anuncia que ninguém mais será condenado pelo pecado, mas pela rejeição do Evangelho. O pecado é uma dívida que já foi paga! Somos chamados para viver com uma consciência de justiça, de mortos para o pecado.
Efésios 1:17 para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele, 18 iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos 19 e qual a suprema grandeza do seu poder para com os que cremos, segundo a eficácia da força do seu poder; 20 o qual exerceu ele em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o sentar à sua direita nos lugares celestiais…
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A Ceia NÃO é sobre COMER, mas sobre REPARTIR.
É na mesa que deixamos de ser crianças e nos tornamos adultos. Adultos não estão focados apenas em comer, mas em repartir. Não vivem para si mesmos, mas para a salvação e edificação dos outros.
A mesa nos ensina sobre a cruz, a reconciliação, a justiça que vem pela fé — e a responsabilidade de cuidar do corpo e cooperar com sua saúde.
A vida cristã não é um esforço para “se comportar melhor” e tentar ser alguém que ainda não somos. É permitir que a luz do Evangelho nos mostre quem já nos tornamos em Cristo. Quando você entende a sua identidade como filho e reconhece o lugar que Deus te deu no corpo, você saberá como viver, como cooperar e como fluir no seu propósito, para que você juntamente com todo o corpo sejam edificados.
Efésios 4:15 Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, 16 de quem todo o corpo, bem ajustado e consolidado pelo auxílio de toda junta, segundo a justa cooperação de cada parte, efetua o seu próprio aumento para a edificação de si mesmo em amor.