João 14:27, Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.
Como muitas palavras hebraicas, a palavra SHALOM tem um sentido bem mais amplo do que meramente ausência de guerra ou tranquilidade de espírito. A palavra SHALOM vem da palavra SHALEM, que significa inteiro, completo e trás conotação de bem-estar, saúde, segurança, confiança, ou seja, prosperidade e harmonia plena. No hebraico moderno é comum cumprimentar perguntando, como está a sua Paz ? (SHALOM)
Números 6:24, 25, O SENHOR te abençoe e te guarde; O SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O SENHOR sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz (SHALOM).
Esta benção carrega um sentido bem amplo de suprir todas as nossas necessidades: espirituais, emocionais, físicas, e tocante as relações pessoais. Pense por um momento sobre o que o ETERNO disse a Abraão:
Gênesis 15:15, E tu irás a teus pais em paz; em boa velhice serás sepultado.
Não significa simplesmente que não passaria por lutas ou conflitos, mas que experimentaria a benção do ETERNO até o seu último suspiro durante os dias da sua vida. A velhice não iria comprometer a sua qualidade de vida. SHALOM se relaciona com longevidade, com saúde, riqueza e conforto, mas também com alguém que cumpriu a carreira e não ficou devendo nada ao plano de Deus. Foi assim que o patriarca terminou os seus dias aqui na terra.
Coletividade
A visão bíblica de PAZ não é nada individualista. Ter um relacionamento correto e saudável com Deus significa ter um relacionamento correto com as pessoas também. Lembre-se, SHALOM é inteiro, completo, não é parcial. É fundamental que o todo seja saudável! Este é um importante pré-requisito para uma adoração que realmente glorifica a Deus.
Mateus 5:23, 24 Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.
Dizendo isto, Jesus provavelmente tinha em mente um tipo específico de oferta, chamada oferta pacífica ou oferta de comunhão. A maioria das ofertas sacrificiais eram dadas inteiramente a Deus (holocaustos), mas no caso da oferta pacífica, parte era comida pelo ofertante e seus familiares.
Era como se Deus os convidassem para comer na sua mesa simbolizando a verdadeira comunhão. Era uma celebração de paz entre todos os participantes, entre Deus e todos os membros da família.
Ceia
É curioso pensar que a ceia do Senhor tem o conceito da oferta pacífica. Jesus tomou nas suas mãos o pão e o vinho, e disse que representavam o seu corpo e o seu sangue como sacrifício, e então convidou os seus discípulos para comerem isto. Fazendo isto, participamos de uma refeição de paz com Deus, celebrando um novo relacionamento com Ele através do sofrimento de Jesus. Através deste sacrifício perfeito, Deus está oferecendo a todos nós SHALOM, em todos os sentidos da palavra!
Efésios 2:14-16, Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, Na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, E pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.
Abraão e Ló
Vamos focar na vida de Abraão, abordando o seu relacionamento com seu sobrinho, Ló.
Genesis 13:5, Ló, que ia com Abrão, também tinha rebanhos, gado e tendas. 6 E a terra não podia sustentá-los, para que habitassem juntos, porque eram muitos os seus bens; de sorte que não podiam habitar um na companhia do outro. 7 Houve contenda entre os pastores do gado de Abrão e os pastores do gado de Ló. Nesse tempo os cananeus e os ferezeus habitavam essa terra. 8 Disse Abrão a Ló: Não haja contenda entre mim e ti e entre os meus pastores e os teus pastores, porque somos irmãos.
Há um peso muito grande na afirmação “afinal, somos irmãos”. A própria Escritura deixa claro que havia outros povos vivendo naquela região, como os cananeus e os ferezeus, que eram potenciais inimigos tanto para Abraão quanto para Ló.
Foi então que Abraão, com muita sabedoria, lembrou seu sobrinho: “Como irmãos, não podemos nos dar ao luxo de brigar”. Mas por que eles precisavam manter a paz entre si? Porque havia inimigos atentos, prontos para se aproveitar de qualquer conflito ou desentendimento entre eles.
Essa lição é extremamente atual e verdadeira também para o povo de Deus nos dias de hoje. Sigamos acompanhando a história para entender como Abraão lidou com essa situação e qual foi sua postura em relação a Ló.
Renúncia
Genesis 13:9-17 Aí está a terra inteira diante de você. Vamos nos separar! Se você for para a esquerda, irei para a direita; se for para a direita, irei para a esquerda.’ Olhou então Ló e viu todo o vale do Jordão, todo ele bem irrigado, até Zoar; era como o jardim do Senhor, como a terra do Egito. (Isto se deu antes do Senhor destruir Sodoma e Gomorra.)
Ló escolheu todo o vale do Jordão e partiu em direção ao Leste. Assim os dois se separaram: Abrão ficou na terra de Canaã, mas Ló mudou seu acampamento para um lugar próximo a Sodoma, entre as cidades do vale. Ora, os homens de Sodoma eram extremamente perversos e pecadores contra o Senhor.
Disse o Senhor a Abrão, depois que Ló se separou dele: ‘De onde você está, olhe para o Norte, para o Sul, para o Leste e para o Oeste: Toda a terra que você está vendo darei a você e à sua descendência para sempre. Tornarei a sua descendência tão numerosa como o pó da terra. Se for possível contar o pó da terra, também se poderá contar a sua descendência. Percorra esta terra de alto a baixo, de um lado a outro, porque eu a darei a você.
Nesta passagem, fica evidente a humildade de Abraão e as consequências que ela trouxe. Abraão era o mais velho, o homem escolhido por Deus para dar início à linhagem do Messias, aquele que carregava um chamado especial e a quem, de fato, pertencia a herança. Já Ló era apenas seu sobrinho, alguém que, de certa forma, estava seguindo Abraão e se beneficiando de sua caminhada.
Apesar disso, quando chegou o momento da separação, Abraão não se colocou numa posição de superioridade. Ele não disse: “Eu sou o mais velho, tenho o direito de escolher primeiro. É isso e ponto final.” Pelo contrário, sua atitude surpreende até hoje: ele abriu mão desse direito e deu total liberdade para que Ló escolhesse primeiro.
Abraão deixou claro: “Escolha você. Seja qual for sua decisão, ela será sua. Eu ficarei com o que restar.” E, como vemos nos versículos finais, Deus honra essa postura de humildade. A recompensa não tardou a chegar. Vale a pena olharmos novamente para esses versículos e perceber como Deus agiu em favor de Abraão.
Genesis 13: 14, 15, 17, Disse o Senhor a Abrão, depois que Ló separou-se dele: ‘De onde você está, olhe para o Norte, para o Sul, para o Leste e para o Oeste: Toda a terra que você está vendo darei a você e à sua descendência para sempre… Percorra esta terra de alto a baixo, de um lado a outro, porque eu a darei a você.
Somente depois de renunciar ao direito de escolher primeiro a terra é que Abraão pôde, de fato, enxergar sua herança. Até então, ele estava no caminho, mas ainda não tinha plena revelação daquilo que Deus havia preparado para ele. A herança só foi revelada após seu gesto de humildade diante de seu sobrinho, Ló.
Isso nos ensina algo muito profundo: Deus observa nossas atitudes, conhece os nossos corações e os nossos reais motivos. E há um princípio divino que nunca falha — aquele que se humilha será exaltado. Foi exatamente assim que Deus agiu com Abraão, e é assim que Ele continua agindo ainda hoje.
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